UMA SENTENÇA INJUSTA
Quando me inteirei da sentença, me senti defraudado, triste e mais ofendido que nunca, apesar de que o citado estado de ânimo é muito comum entre os duvidosos e se acomoda na nossa alma com o ânimo de alojar-se ali perpetuamente. Mas hoje, esse sentimento é mais agudo e afilado. Incrementa-se , ao ver como a mínima esperança que tinha no Poder Judicial, se desvaneceu tão rápido; como um magistrado perde a sua própria coerência e com isto, o respeito que deveria professar-lhe.
Tudo isto, faz que veja o mundo de uma forma absolutamente pessimista, a vida e o sistema que nos rodeia, que nós mesmos criamos. Um sistema, no que tão só prosperam os corruptos e os sem moral, onde a formação , os valores e a honestidade, são um valor terciário na balança da estima na que a sociedade tem-nos a cada um de nós.
Me importa pouco crescer economicamente, couto fechado para os oportunistas, os corruptos , intermediários, os poucos génios visionários (um entre um milhão) e os ainda mais escassos, a quem a deusa fortuna lhes sorri com a forma de um novo ópio do povo: os euro milhões. É esta, uma questão assumida e aceitada por todos.
Importa-me pouco crescer economicamente porque o mais triste, é comprovar como te roubam algo que não se pode valorar com a forma monetária: a razão, o conhecimento, a profissionalização, os valores, a dignidade, quilo que objectiva e legitimamente corresponde a quem o possui.
Pergunto-me, que passará pela cabeça daqueles agravados da justiça, que vêm como o violador da sua filha passeia tão feliz pela vida, que observam com uma mistura de incredibilidade e perplexidade como o assassino do seu pai é denominado por alguns responsáveis da sociedade como “homem de paz” e é posto em liberdade, que se desesperam pensando como aqueles que arruinaram a sua vida e a da sua família, gozam dos mesmos direitos e privilégios que eles. Deveríamos construir hospitais psiquiátricos ao ritmo de Julgados, instruir tantos “médicos da alma” como juízes, e por certo, instrui-los muito melhor.
Com o ânimo renovado de intentar encontrar a cara positiva da moeda (ainda que neste sistema somente cunham-se moedas bidimensionais e portanto a cara é imutável para cada um) me fez recordar uma lição que já havia esquecido: “O último sítio aonde se deve buscar justiça é num tribunal”. Também serviu para reencontrar parte de mi fé perdida já há muito tempo, crendo com forças renovadas que na próxima vida, que nos chega a todos, encontraremos a justiça que a vida terrenal se nega a outorgar-nos. Quero crer que na outra vida, existe um último refúgio aonde aliviar tanto sofrimiento, dado que nesta, muito longe de poder encontrá-lo, somente acharemos merda, (perdão pela expressão).
Dizem que a verdade sai a reluzir quando todo mundo já se foi, e isso para alguns, já é demasiado tarde. Entretanto nos conformaremos, que remédio, com as palavras de León Felipe e os seus “Vencidos”:
Faz-me um sítio na tua cavalgadura, /cavalheiro derrotado, /faz-me um sítio na tua cavalgadura, / que eu também vou carregado de amargura / e não posso batalhar. /
Põe-me à garupa contigo, / cavalheiro do honor, / põe-me à garupa contigo, / e leva-me a ser contigo / pastor.”
Quiçá a solução seja levar a vida com a simplicidade dum pastor, e passar a vida, em vez de tratar de viver nela.
8)Este tema foi escrito no ano 2007, mas com a minha mente posta nos anos 1980. Um país com a Justiça subjugada ao imperialismo, à prepotência, ao jogo da máfia e da prevaricação, é símbolo da degradação do país que legisla.