O SENTIDO DO TRABALHO
A vida dos trabalhadores era sempre imprescindível a outros , cujo seu serviço lhes dava de comer. Os senhores, os endinheirados, nunca gozavam, para eles, da indesejável auréola de trabalhadores. Não tinham a necessidade de exigir respeito. Estavam hereditariamente, quiçá séculos, muito bem situados por quanto os trabalhadores tinham cada dia que lutar pelo seu bocado de pão, pela sua família e pela sua dignidade. Os escritores clássicos deixaram escritos sobre isto mesmo.
A festa do trabalho foi uma festa à dignidade do trabalhador. Ao princípio o patrão da festa foi São José. Pouco a pouco se foram transformando os critérios sociais. Cada vez é mais frequente que os que ocupam lugares privilegiados na sociedade, exijam a consideração dos trabalhadores. Eles, dizem, também trabalham diariamente ás ordens de outro para ganhar um escasso pão.
É uma das transformações mais sérias das sociedades modernas. Cada vez é mais frequente que os que ocupam lugares privilegiados na sociedade exijam a consideração de trabalhadores, protegidos por ambíguas ideologias e amigos poderosos.
Sem embargo agora, a segurança dos bens de raíz, a abundância dos salários e, sobre tudo, o poder social é o que realmente distingue trabalhadores e senhores, mais que considerações de outro tipo. Não deveriam considerar-se trabalhadores aqueles que têm poder, dinheiro de sobra, abundantes bens de raiz, considerações sociais invejáveis e poderosas relações.
A digna e antiga luta dos trabalhadores pelo pão e pela família, muitos converteram-na em uma desmacarada luta pelo poder. [51]