O SEGREDO DA INCONSCIÊNCIA MORAL (SEXUAL) ACTUAL
Sim senhor. Quis pôr entre parêntesis o de sexual porque inconsciências morais podem dar-se em outros muitos campos e de outras muitas formas, mas a minha intenção é a de abordar esta faceta de falta de consciência em concreto. «All you need is love», cantavam os Beatles nos anos sessenta; a sua réplica em Espanha poderia ser aquela outra de Fórmula V, que dizia: «busca um amor para a tua vida; vive a tua vida para o amor». Parece ser que agora, mais que nunca, os homens (muito mais que as mulheres as quais sabem muito mais que os homens de sentimentos) querem esmagar esta lei criadora, a quinta essência da existência humana.
Um dos livros mais vendidos nos últimos dois ou três anos, é um livro com temas de auto-ajuda chamado “O Segredo” de um tal Rhonda Byrne, se bem que seja uma recapitulação de impressões, opiniões e locuções expressas por vários autores e que versa sobre a suposta “lei de atracção”.
Pois bem; em dito livro se conta um relato de como um pintor que diz ter passado por uma má época depois de uma ruptura amorosa decide, para aliviar o seu sofrimento, ir em busca e captura de “presas” ( leia-se mulheres), chegando a gabar-se de que… “algumas até brigavam para estar consigo”, e que uma vez satisfeita a caçada, desta vez se propõe como se de um mercado se tratasse, ir em busca do amor ( e encontrou-o, disse o tipo).
O surpreendente, é que este livro seja de autoria de uma mulher! Surpreende como alem de estar em estantes de centros comerciais e livrarias se exibam sem nenhum tipo de escrúpulos (alem de muitas das vezes, junto a livros destinados para o público infantil) livros com títulos tão revulsivos para o público infantil, como “folhar com todas” de um pouco apresentável autor chamado Tony Clink ou “Sex Crack” de Mário Luna; todos eles, uma provocação à incitação de poder manipular, extorquir, utilizar e explorar sexualmente as mulheres sem nenhum tipo de escrúpulos nem consciência. Internet, as salas de cinema, a publicidade, os jornais e revistas (com os anúncios de prostituição onde estes meios de comunicação actuam de proxenetas) estão colaborando, oferecendo esse novo estereotipo de mulher que, com a dobrada leitura da utilização machista, longe de estar liberada (de quê?) está sendo mais dosificada.
O sexismo (leia-se «machismo» feminino) está crescendo avultadamente, e chegados a este ponto devia-se replantar qual é o verdadeiro sítio da mulher, se interpretar o feminismo desde o humanismo e não desde o mercantilismo, o capitalismo e o materialismo. Claro que, agora existe a contrapartida da qual fazia menção antes; a mulher que vai utilizar o homem como mero objecto sexual mas, não se enganem; o homem nunca o vai entender como desprezo, como vingança e, muito menos, como lição. É o efeito boomerang: eles vão a pensar: «outra vez que coisa fácil» e assim pululam mais e mais energúmenos que avassalem a próxima vítima.
Assim mesmo, a mulher sem se dar conta, (ou dando-se) está jogando a um jogo com efeito dobrado contraproducente para ela, as demais e a sociedade em geral. Neste ponto e desde o fundo ontológico: que ética se tem hoje? Que se entende por ser pessoa? Por dignidade humana? Por respeito? Até que ponto liberdade? Que uso (ou mal uso) se faz em nome da mesma? No relativismo filosófico de hoje onde tudo é moralmente aceitável cabe o maquiavelismo, o cinismo, a psicopatologia em prol de um orgasmo. «Homens que propõem poligamias, viver como um conquistador de entra e sai na vida das mulheres, trios, quartetos e demais orquestras sinfónicas, isso sim, com uma condição: que seja ele quem dirija a festa e seja ele quem imponha a sua ditadura. A máxima Kantiana de: «trata os outros como gostarias que te tratassem a ti», «não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti», parece carecer de sentido num mundo (o nocturno, sobre tudo) onde a falta de consciência faz que por ambas as partes, ( ainda que desgraçadamente é mais á mulher o atropelo sexual e, por isso, é ela a que por questões obvias de biologia a que deveria ser um tanto mais desconfiado ante a proposição) não se questionem assuntos com respeito a terceiros/as pessoas excluindo todo o entendimento de culpabilidade se por escarcéu genital se pôs em perigo a unidade familiar ou sentimental de uma ou das duas partes.
O catedrático em psiquiatria Enrique Rojas fala-nos de um fenómeno quase recente que se está dando entre Varões que ele denomina «síndrome de Simão» e que tem como sujeito : «um imaturo, narcisista, analfabeto emocional, que vive centrado no seu professor e que sonha com o êxito (isto inclui estar com muitas mulheres para ver quem o sorteia porque ele é o prémio) e que faz do solteirismo um solar que cada vez se revaloriza mais numa cidade». Como pode ser que haja mulheres que esperam o chulo de turno de um programa televisivo de monstruosas exibições na rua para vitoriá-lo e não para descriminá-lo? À semelhante arrogância que olha as mulheres como bonecas incháveis de coleccionismo gostava perguntar-lhes que se eles se vissem na tessitura de ter uma mãe, irmã, filha/s e demais membros femininas possíveis da família e eles vissem que elas estavam sendo tratadas da mesma maneira exploradora como eles tratam as outras que, pensariam eles? O não se pôr nos sapatos do outro/a, essa falta de coerência, de empatia e de integridade é o que me faz pensar cada vez mais em que e quais vão a ser os valores com os quais se educam as futuras e presentes gerações. O machismo não se extinguiu, segue fomentado pelas mulheres e passou de ser meramente doméstico a ser especificamente sexual e a maioria dos homens não sabem amar nem tampouco têm nenhuma intenção em aprender. [52]