A CRISE DO PAÍS
A CRISE DO PAÍS
Ouvi um dia numa entrevista na Televisão Espanhola a Eduardo Punset, «divulgador científico», que se havia descoberto faz poucos anos atrás, que o ser humano, igual ao que sucede aos vegetais no seu processo de fotossínteses, pode viver da energia do sol e do ar em suspensão. Eu considero que isso possa ser possível, mas não com palavras bonitas, ainda que estas sejam verídicas. Penso que temos de mobilizar-nos, e ante o panorama que se nos apresenta, pondero: «se não retiro as castanhas do fogo, ninguém o fará por mim, e menos nestes momentos de crise.» Vemos reflectidos no próximo com a mesma situação de insegurança, o mal-estar, incluso o medo ao que nos hajam conduzido, «Deus sabe Quem» porque o balão está em diferentes telhados. Não é desculpa para a conformidade, pensando por nossa condição adversa sem fazer nada a respeito. É responsabilidade de cada um, sair airoso psicologicamente do estancamento emocional, que impacta contra a nossa dignidade, ao perder um posto de trabalho ou não encontrar saída laboral.
É certo, que o esforço por conseguir algo na vida, muitas vezes depende em grande medida, daqueles que possuem o capital suficiente para criar empresas capazes de gerar emprego, permitindo-nos «aos modestos mortais» levar a qualidade de vida que por direito temos, aos nossos lares. Mas quando a crise global facilita o caminho ao fecho temporal ou definitivo das empresas, com repercussão nos trabalhadores que ficam no desemprego, aonde podemos nos agarrar, fazendo realidade com tudo aquilo que nos possa alimentar: um sonho, uma fantasia, um ter tempo para… Ocupar a nossa mente com qualquer actividade que nos resulte agradável e nos reivindique como seres pensantes, tem que ser o objectivo primordial. Não nos convertamos em malandros «nem estudo, nem trabalho» com a desculpa da ditosa crise.
O músculo cerebral se atrofia quando não tem actividade. Ao tempo livre que nos impuseram, temos que tirar proveito dele, desenvolvendo a nossa capacidade mental «o motor do nosso bem-estar» pensando e fazendo mais possível a possibilidade de crescer como indivíduos únicos e maravilhosos.
Estimar-se, essa é a chave. Se nos queremos um mínimo, temos que aplicar-nos em cuidar a nossa consciência, não fazendo tragédias de situações às que se podem e devem pôr remédio. De todos nós, depende que a falta de vontade não se apodere desta situação para nada procurada, com o ânimo e a confiança de que sairemos de todas as adversidades graças ao esforço e valentia do ego que nos quer e estima.
Depois de toda esta meditação, penso «logo existo» que temos a possibilidade de manifestar o nosso acordo ou desacordo com o colectivo que nos governa, para isso estão as urnas, aonde se introduzem uns papeis figurando os partidos e nomes daqueles em quem depositamos a nossa confiança, para que nos dirijam. Se os deixam, claro está! Porque somos europeus antes de sermos portugueses «Europa manda».
Temos que os convencer de que somos diferentes, não pela nossa história que tanto nos honra, nem pelo fado, ou as pegas tauromáquicas, mas sim pela nossa capacidade de reacção.
Portugal é um país de sol e não de nuvens. Desde que sou e nossos antepassados foram, sempre que choveu acabou por desanuviar. Dantes, tinha o costume de ler caminhando. Saía de casa com um livro debaixo do braço e comprava o jornal no quiosque. Com ambos para companhia, caminhava e lia. Muita gente que me conhecia, me perguntava como era possível compatibilizar ambas tarefas.
A última vez que li caminhando, foi um livro que se intitulava «Nada acabará com os livros». Nele, Umberto Eco e Jean Claude Carrière apostam por manter o livro como instrumento de leitura e trabalho, apesar das inovações que possam oferecer internet e outros meios modernos. Oxalá não desapareçam o jornal e o livro, que podes levar nas tuas mãos e, se é caminhando melhor, se matam dois pássaros de um tiro. Caminhando por espaços abertos com o Tejo de companhia, e em Alcochete, desfrutamos de maravilhosos caminhos para ler e saborear a bondade da natureza.
Enquanto lês um bom livro, te pões em dia com a leitura do jornal, e saboreias a beleza dos mais belos lugares de Alcochete, te evadirás comodamente da crise. Quando menos penses nela, mais feliz serás contigo mesmo. Isso sim!... Apertando um pouco mais o cinto para que as calças não te caiam. [32]