BASTA JÁ!
A luta quotidiana pela sobrevivência dos habitantes palestinos de Gaza, contradiz com os factos reais, as afirmações israelitas de que a missão da flotilha humanitária era desnecessária.
A luta diária para alimentar as famílias, desmente uma vez mais com toda a claridade, as afirmações realizadas pelos funcionários israelitas, no sentido de que não há crise humanitária em Gaza e em todo o Estado Palestino.
Também desmente e ridiculiza as declarações de um ex presidente do Governo espanhol ao jornal The Times, que diz o seguinte: “Apoio a Israel. Se desmorona, nos desmoronamos todos.” “Não podemos esquecer que Israel é o melhor aliado de Ocidente numa região turbulenta.” “Os comentários da situação em Gaza, são uma distracção.”
Castigado com mísseis chovendo de norte a sul, ameaçado de destruição pelo Irão e pressionado por amigos e inimigos, Israel parece que nunca terá um momento de paz.
Alucinante a versão deste político espanhol, que sempre mostrou ter mais alma de autocrata que coração humano. Os artigos e alimentos que os israelitas permitem ou proíbem introduzir em Gaza, variam constantemente em função dos critérios desconcertantes e caprichosos dos mesmos. Um exemplo claro, temos com a proibição de introduzir não só alimentos mas também brinquedos para as crianças e peças de substituição para os poucos carros que por ali circulam. A escassa ajuda alimentaria básica está autorizada mas com cartão de racionamento. Para uma família de cinco membros, no armazém administrado por UNRWA (Agência da ONU para o refugiado), entregam-lhe duas garrafas de azeite, três quilos de açúcar, três quilos de arroz, uma bolsa de leite e uma lata com um pouco de carne de cordeiro. Mas estes abastecimentos, somente os recebem cada três meses. A ONU diz que não pode realizar um seguimento do que os beneficiários fazem com esta ajuda, mas reconhece que a maioria da povoação tem graves necessidades que lhes custa e muito satisfazer.
A morte lenta da economia de Gaza, significa que os mais pobres se viram reduzidos a brigar como no sistema medieval da troca sem dinheiro, afirma um porta-voz da dita organização. O mundo ocidental não quer entender a crise, a fome, as torturas e as mortes que os israelitas produzem diariamente aos habitantes desse recanto do mundo, encarcerados pelos muros israelitas e egípcios. Se chegou a sugerir que o impacto mundial (só por uns dias) do assalto à flotilha de ajuda humanitária e a morte cruel de vários dos seus membros, obrigaria Israel a aliviar o bloqueio, para permitir o ingresso de mais alimentos e mais medicamentos aos palestinos de Gaza, mas até este momento que escrevo este artigo, pouco ou nada se apreciou na atitude de Israel.
Há outros bloqueios tão importantes como os alimentos: a crise sanitária com uma grande escassez de equipamento médico e medicamentos, não há dinheiro para reparar as escolas destruídas com a invasão do ano passado, nem para construir outras novas. Mas como diz um economista, o maior impacto do assédio, transcende os elementos materiais para converter-se num isolamento psicológico. Estão em estado de sítio e perseguição mental, porque estão desconectados do resto do mundo; porque o Povo Judeu tem direito a ter uma pátria. Mas em contrapartida, creio no direito do Povo Palestino, à dignidade e à justiça que lhe negaram desde a criação do Estado Judeu em 1948 e que passo a passo e golpe a golpe, lhes roubaram mais de metade das suas possessões com assentamentos ilegais e muros de separação. As cifras não mentem. Quando se cria o Estado Judeu, concedem um cinquenta e quatro por cento do território, e aos Palestinos quarenta e seis por cento.
À data de hoje, Israel possui oitenta por cento do território matando milhares de Palestinos.
Senhor Aznar, é isto o que o senhor pede? A matança de voluntários que levavam ajuda humanitária na flotilha da paz, encheu-me de dor e de raiva. Chove sobre molhado. Ainda estão sem cicatrizar as feridas do terrível ataque do ano 2009 que se converteu num novo genocídio. Tudo isso, além da crise humanitária, segue deitando lenha na fogueira para justificar o radicalismo islâmico que padecem e têm padecido muitos povos.
Devemos apoiar todas as Organizações Humanitárias e exigir a Israel que não volte a cometer um atentado aos Direitos Humanos, assassinando estas boas pessoas. Nós os cidadãos, temos que gritar: “Já Basta!” Não esperamos nada dos líderes políticos do mundo. A estrutura de interesses económicos e geoestratégicos é tão complexo, que não vemos em nenhum destes momentos, liberdade suficiente e valentia, para empreender verdadeiras acções legais contra este caos e martírio em Gaza.
Mas tampouco os cidadãos podem cruzar os braços, e os meios de comunicação silenciar o tema. Todos temos que nos implicar para exigir e apoiar qualquer acção que traga a esperança da paz e uma vida digna, aos habitantes de Gaza e a todo o Povo Palestino. [36]