Para qualquer pessoa medianamente reflexiva, saber como é a época em que vivemos, reveste sempre um grande interesse pelo facto mesmo de que todos somos, para bem ou para mal filhos do nosso tempo. Como descobrimos a nossa época, esse ampleo período da história que abarca o século XX e o início do XXI, com tantos acontecimentos que marcaram a vida das sociedades e comportamento da gente? Os historiadores descreveram-na de múltiplas maneiras e desde distintos pontos de vista, e todos são reais. Ainda que alguns sucederam já há muitos anos, como as grandes guerras, ainda se nota a sua sombra no nosso tempo e por isso formam parte da nossa época,

      Época da ciência: A ciência foi a revolução mais importante que conheceu a humanidade e a nossa época funciona e progride em volta deste poder. É certo que por meio da ciência e a técnica se solucionaram grande parte dos problemas práticos da humanidade; mais ainda, pode-se dizer que já não existe natureza em estado puro, senão natureza transformada pelas mãos do homem.

      Época da comunicação: Uma das mais importantes aplicações da ciência é a comunicação. A vida económica, social e cultural do mundo funciona sob esta base e já não é concebível comunicar-se doutra maneira. A electrónica faz com que seja possível comunicarmo-nos com todo o mundo, instantaneamente por som e por imagem vencendo o tempo. O mundo está coberto de uma grande teia de aranha donde tudo está a comunicar com tudo.

      Época da Imagem: A invenção da imprensa no século XVI supôs uma revolução cultural enorme com a aparição do livro e dos jornais, abrindo na humanidade a época da leitura; Chega o século XX, e com ele o cinema e a televisão provocando profunda revolução na cultura de massas ao levar às casas a imagem, com forte influencia na mente humana. Fazendo com que a maioria dos seres humanos se tenham convertido em espectadores. Na actualidade, temos a tendência a viver, pensar e a sentir mais no mundo virtual da imagem, que no mundo real das coisas e das pessoas.

      Época da incerteza: O homem da sociedade pós-moderna perdeu o sentido da vida e carece da segurança nas suas ideias, fora das certezas da ciência que se vê e se toca, manifesta incerteza em tudo. Esta insegurança, é consequência dum largo processo. As grandes revoluções culturais levaram a que grande parte da sociedade se distanciasse da fé e da tradição religiosa cristã, nas quais a gente comum tinha umas crenças e princípios seguros na visão e orientação da sua vida.

      Época do homem: Um dos signos do nosso tempo ocasionou a consequente lógica de que o homem corrente seja o protagonista no cenário social. É o homem de hoje o que absorve as tertúlias da televisão, o que impõe as modas e as formas de conduta, e é este mesmo homem, principalmente os mais jovens, quem impôs uma linguagem  mal sonante, à margem de qualquer normativa.

      Época da mulher: A reivindicação dos direitos da mulher foram e sem dúvida serão, uma das conquistas mais importantes do último século e que transformou a nossa sociedade. A mulher de hoje, tem os mesmos direitos que o homem e exerce as mesmas profissões.

      Época da ansiedade: Outro dos signos da nossa época é a ansiedade; uma espécie de enfermidade para a qual não há remédio. Não há remédio porque não é um mal concreto mas sim um estado de ânimo negativo. A depressão é a enfermidade do século. Calcula-se que os trinta por cento da mal chamada “sociedade do bem-estar” padece alguma classe de depressão anímica, e o mais preocupante é que desta enfermidade também estão padecendo os adolescentes. As mais profundas, têm a sua origem em causas profundas e a origem deste mal universal há que ir a busca-lo, sobretudo, ao ritmo trepidante do trabalho, aos problemas e instabilidade da família, ao afundamento das crenças religiosas, e em definitiva, ao vazio existencial em que discorrem muitas vidas. A sociedade que busca com mais ansiedade a felicidade, é a que se vê mais imersa na mais profunda infelicidade. [42]